Foto: Ingryd Santos |
A Associação de Pais e
Mestres na esteira do tempo de Juazeiro (BA): representações sobre infância,
educação e cultura foi o resultado da pesquisa feita pelo pesquisador Luís
Osete Ribeiro Carvalho, através do Programa de Pós Graduação Mestrado em
Educação, Cultura e Territórios Semi Áridos (PPGESA).
A partir de uma
revisitação histórica, a
pesquisa documentou as ações desenvolvidas pelos agentes que participaram da APM. Além disso, a dissertação certifica
o pioneirismo das professoras primárias que estavam à frente da associação,
destacando a presença da professora Maria Franca Pires.
“Uma das contribuições
desse trabalho é colocar a associação no mapa da história de Juazeiro, pois até
então ela não tinha lugar nem na história da educação. Então, esse trabalho desperta
a atenção para o papel das professoras primárias e pais de alunos que durante
vinte anos agiram ativamente na associação”, declara Luís Osete.
O interesse em retratar
a APM começou com o projeto de iniciação ainda na graduação, em Comunicação
Social, com a pesquisa "O arquivo de Maria Franca Pires: memória e
história cultural em pesquisa na região de Juazeiro-BA", orientado pela
professora Odomaria Bandeira. “Quando eu
entrei no mestrado, eu quis trazer uma questão de pesquisa que relacionasse o
arquivo de Maria Pires com a educação, cultura e território de Juazeiro”, afirma.
Foto Ingryd Santos |
Para fazer análise histórica
da associação, Luís Osete enfrentou alguns problemas devido a falta de referências documentais a respeito da entidade nos livros de história de Juazeiro. Foi preciso recorrer
às memórias de professoras que participaram da APM e aos materiais didáticos
reunidos pela professora e pesquisadora Maria Pires que, atualmente, compõem um
acervo na UNEB, como atas da associação e crônicas radiofônicas.
Os materiais do arquivo pessoal de Maria Pires são objetos de análise
desde que foram doados pela família, em 2004. “O pioneirismo de Maria Franca
Pires foi o que salvou parte da memória da cidade”, afirma a historiadora Odomaria
Bandeira, que ficou responsável pela guarda da documentação.
Maria Franca Pires reuniu materiais fundamentais para uma consulta histórica, como parte da
iniciativa de registrar a “história que vive na cabeça do povo”, como ela dizia.
Os materiais revelam aspectos sociais, culturais e educacionais sobre o
território semiárido, especialmente, o município de Juazeiro. São diversos
documentos que compõe o “Museu de tudo”, entre eles: jornais, fotografias,
depoimentos gravados em fitas cassetes, livros, entrevistas e entre outros.
“O acervo é muito importante para a pesquisa
da história cultural da cidade. Nele, existem outras possibilidades de conhecimento
sobre outros aspectos, como a própria imprensa, a história dos meios
tecnológicos de educação, o movimento cultural, conhecimentos sobre literatura
e a produção literária. Existe uma diversidade de materiais ”, relata Odomaria.
Atualmente, o acervo
está em processo de digitalização para a formar um catálogo digital. O objetivo
da plataforma online é facilitar o acesso do público aos documentos históricos.
Cerca de 80% do material está digitalizado.
Por Ingryd Santos, repórter da Agência MultiCiência.