Por uma memória verde no Semiárido Brasileiro

Multiciência 31 outubro 2017
Diante dos desafios que envolvem o desenvolvimento urbano e a preservação ambiental, é necessário construir cenários de discussão sobre esta temática, unindo várias áreas de conhecimento em prol de uma educação contextualizada. Com este objetivo, a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Campus III, em Juazeiro, realizou o Seminário Regional Verde Urbano no Semiárido Brasileiro, nos dias 23 e 24 de outubro.
Foto: Beatriz Braga
A programação começou com uma expedição ao Riacho do Mulungu e com a discussão sobre a importância das lagoas e do microclima que elas proporcionam no Semiárido. Já no período da tarde, houve a mesa de abertura “Convivência e Cidade: Um olhar a partir da Universidade”, que contou com a presença do professor do Colegiado de Pedagogia da UNEB Paulo Soares e com o coordenador do Programa Escola Verde, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Paulo Ramos, sob a mediação da coordenadora do Projeto Conviverde e organizadora do evento, professora Luzineide Dourado.

O professor Paulo Soares destacou ações práticas que a Comissão de Cultura e Meio Ambiente da UNEB vem adotando no intuito de trazer para a universidade práticas sustentáveis. Exemplo delas foi a entrega de garrafas de água aos estudantes e professores, para que não usassem mais copos descartáveis;  a exibição de filmes educativos e a discussão sobre este tipo de produção audiovisual; como a mídia vem tratando o semiárido quanto às questões ambientais, além do curso prático de arborização que ainda deve ser implementado.
Foto: Ilana Yngrid Santos

De acordo com Soares, o programa de verde urbano e desenvolvimento sustentável é  importante por contribuir para o conhecimento das especificidades do território. “Quinze por cento do território brasileiro é semiárido e, mesmo que se pense bastante em práticas contextualizadas para o meio rural, a maior parte do Semiárido é urbano. Por isso, precisamos pensar em rede para promovermos cada vez mais ações interdisciplinares para a saúde ambiental”, afirma o professor.

Paulo Ramos trouxe o histórico das ações humanas que acabam interferindo no meio ambiente. Segundo ele, a crise ambiental está arraigada à civilização humana e o homem sempre esteve em conflito com a natureza. E, ainda, que o desafio não é manter o meio ambiente em sua forma natural, mas utilizar seus recursos de forma consciente e sustentável, e é aí que entra o papel da universidade.

“Vivemos em uma espécie de harmonia instável com o meio ambiente e o papel da universidade enquanto espaço de vanguarda é liderar a mudança e romper com o modelo de isolamento da comunidade, utilizando os pilares da educação superior, que é o ensino, a pesquisa e a extensão, para assim, mobilizar a comunidade e desenvolver junto a ela a temática ambiental”, afirma Ramos.


Foto: Ilana Yngrid Santos
A primeira edição do Seminário Regional Verde Urbano no Semiárido Brasileiro é uma organização do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Contextualizada com o Semiárido Brasileiro (NEPEC-SAB) e do projeto de extensão Conviverde, que têm como objetivo contribuir para o conhecimento das especificidades do território e da territorialidade que podem se encontrar no Semiárido.

Para Luzineide Dourado, organizadora do evento e coordenadora dos projetos, é necessário tratar destes temas, que são pouco pautados na mídia, mas que têm  relevância às comunidades.
Foto: Ilana Yngrid Santos
 “Existem grandes cidades no Semiárido, como Petrolina e Juazeiro, mas é mostrado apenas o lado rural da fruticultura irrigada, por exemplo. Queremos, com o seminário, discutir as memórias que ficam dessas cidades que, com o desenvolvimento econômico e  a migração tem passado por grandes transformações espaciais e populacionais,  a fim de se apresentar o que está sendo produzido”, afirma Luzineide.

Por Mônica Santos
Agência Multiciência