Arte e experiências educomunicativas com o uso do celular

. 26 junho 2016


As jornalistas Débora Sousa e Eliane Simões reuniram nove jovens de Petrolina e quatro idosos de Juazeiro, que estudam na Universidade Aberta a Terceira Idade, para retratar 40 pontos históricos da cidade. O resultado foi a exposição Educomunicando com Olhar, desenvolvido como projeto de conclusão do curso de Jornalismo em Multimeios, da UNEB. 
Segundo Débora Sousa, o celular é uma ferramenta acessível e que pode ser usada no ambiente escolar para educar o olhar para questões sobre o cotidiano. Ela conta que experimentou o uso do aparelho celular com alunos da Escola Estadual Professor Simão Amorim, em Petrolina. "Vimos que a turma possuía aparelhos de celular e a gente pensou: por quê não trabalhar com uma ferramenta que eles já possuem? Fizemos o projeto, a escola aprovou e começamos a ministrar as oficinas. Fizemos uma saída fotográfica e eles decidiram que gostariam de retratar idosos", afirma.
Idosos e jovens na praça 21 de Setembro, Petrolina. Foto Débora Souza
Débora relata que muitos idosos tinham desejo de aprender a usar o celular para registrar as suas experiências, mas não tinham quem os ensinasse. Juntos, jovens e idosos, resolveram apostar na experiência de registrar imagens do cotidiano. O projeto para a exposição permitiu que muitos idosos compartilhassem histórias vividas naqueles locais.



Exposição Travessia
A fotografa Lizandra Martins também utilizou o celular para registrar as idas e vindas de passageiros da barquinha de Petrolina a Juazeiro. Lizandra fazia a travessia diariamente durante o trajeto de sua residência para a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e passou a fotografar todos os dias o que lhe chamava a atenção nesse percurso. O resultado foi a exposição Travessias, aberta ao público até 1 de julho no SESC, em Petrolina. 
Foto: Lizandra Martins

Para a fotógrafa, o uso de celular durante a produção das fotografias foi uma questão de praticidade, por ser mais leve que uma câmera profissional e chamar menos atenção. "O celular termina sendo algo mais acessível e está ali na nossa bolsa. Sou fotógrafa profissional, mas não tenho como me locomover com minha câmera o tempo todo. O celular termina sendo um recuso muito poderoso nesse sentido de você estar ali, registrar e, imediatamente, publicar", explica.
Além da praticidade, o celular causa menos interferência no momento de capturar imagens e permite registrar cenas espontâneas das pessoas nas ruas. "Como eu gosto de fotografar cenas do cotidiano, dou prioridade a questão do espontâneo. Então, o celular é perfeito, às vezes você está fotografando as pessoas e elas nem percebem. Se eu estivesse com uma câmera não teria feito algumas fotos que estão na exposição", afirma.
A pedagoga e fotógrafa Lizandra Martins
Foto: Chico Egídio



O dispositivo móvel tem algumas limitações de recursos que são prejudiciais para a qualidade da imagem, como a falta de flash e mecanismo que possibilitam um controle maior sobre a produção fotográfica. Lizandra ressalta, contudo, que o mais importante do que o equipamento é a sensibilidade do olhar para permitir que as pessoas possam vivenciar uma experiência estética.


                                                             Texto: Maria Eduarda Abreu